Entrevista para Folha de Pouso Alegre

Há um ano, o psicólogo e artista independente Bruno Barbedo Carrasco, iniciou um trabalho que iria colaborar com a visibilidade da cultura local: o site 'Cultura de Pouso Alegre'. O projeto visa criar um espaço on-line e aberto, que divulga as diferentes manifestações culturais, apresentações, eventos e publicações artísticas da cidade.

O site também apresenta um acervo dos artistas e material cultural de Pouso Alegre. Neste mês, o projeto completa um ano e, hoje, têm diversos colaboradores, entre eles os próprios artistas, que dão força e ajudam a expandir a excelente idéia, criada por Bruno. Acompanhe, na entrevista abaixo, um pouco da história e do dia-a-dia do projeto.


Jornal: Folha de Pouso Alegre.
Data: 27 de agosto de 2010.
Coluna: Cultura & Arte.
Jornalista: Cristiano Rodrigues.

Folha de Pouso Alegre: Como nasceu a idéia de criar um espaço on line de cultura?
Bruno Barbedo: Partindo da realidade de Pouso Alegre, onde temos uma produção cultural diversificada e muito rica, com bons artistas que não possuem visibilidade na cidade onde vivem. Em 2007 criei um espaço online para divulgar os artistas locais, mas tive grande dificuldade em participação e envolvimento dos mesmos então acabei deixando a idéia de lado.
Em 2009, estava pensando em retomar a idéia, e conversando com Rafael Huhn ele me perguntou um dia por que eu não faria um site de cultura e tentaria apoio da Lei de Incentivo a Cultura. Em agosto, retomei a idéia por conta própria, desta vez, pensei em divulgar os eventos culturais para atrair os visitantes e intercalar o conteúdo com os artistas e material cultural produzido na cidade. Com o passar do tempo, em diálogo com os visitantes e os artistas, continuo sempre pensando possibilidades de melhorar a comunicação, a navegação e a organização do conteúdo do site, que hoje conta com 382 páginas com artistas, eventos culturais e material cultural e mais de 22.500 visitas, em um ano.

Folha: Como foi o início do projeto e como tem sido hoje?
BB: Ainda encaro o site em fase de germinação, partindo sempre da realidade e das necessidades percebidas, com intuito que os artistas e visitantes percebam que todos somos protagonistas de nossa história por intermédio das ações culturais de todo o tipo, portanto somos co-responsáveis em tornar a cidade como ela está, da mesma maneira que temos a possibilidade de mudar a história.
Minha concepção de trabalho envolve percepção, atividade, diálogo e reflexão, sendo assim um processo democrático, aberto e sempre em movimento, onde todas as pessoas colaboram na construção do mesmo. Da data onde comecei até hoje tenho tido cada vez mais pessoas interessadas e participando, o que acho essencial para que o site desenvolva e adquira a “cara” de Pouso Alegre.

Folha: Você encontra colaboração?
BB: Depois que enviei o projeto do site para a Lei Municipal de Incentivo a Cultura, e que foi aprovado, recebo desde abril de 2010 apoio para a manutenção e divulgação, o que tem auxiliado bastante para que eu possa realizar com maior dedicação. Além disso, faço questão de citar o apoio de amigos, artistas, instituições e pessoas envolvidas com a produção cultural em Pouso Alegre na divulgação e participação, tais como: Teatro Municipal, Festival Minas Brasil Instrumental, Núcleo Artenativo, Secretaria de Cultura, Projeto Contraponto, Galeria Artigas, Conservatório, Programa de Atitude, Cursos de História e Jornalismo da UNIVÁS, Estylo de Rua, Ateliê Mineiro, Livraria Nobel, Bar Cervantes, Fabiano Cisticerco, Paulo Afonso (Tchê), Caio Oliveira, e tantos outros que compartilham das mesmas necessidades.

Folha: Quais são as dificuldades de se manter o espaço?
BB: Uma das maiores dificuldades que aos poucos está sendo solucionada, têm sido a participação dos artistas e produtores de eventos culturais enviando material para ser divulgado no site. Ainda temos muito artistas que não percebem a internet como uma grande veículo de divulgação de sua arte, outros que não têm contato com internet e outros que não tem o hábito de se envolver com a divulgação. Aos poucos o espaço está começando a ter maior visibilidade e a ser reconhecido, o que tem sido muito importante para que os artistas possam perceber como um veículo viável, de fácil acesso, democrático e amplo.


Folha: O projeto foi viabilizado pela Lei de Incentivo Cultural, o que você pensa deste mecanismo de fomentar a cultura?
BB: A Lei de Incentivo Cultural, e o Fundo Municipal de Cultura de Pouso Alegre, são fundamentais para a produção cultural local, são possibilidades para que qualquer pessoa possa idealizar e executar um projeto cultural pois pela aprovação há o fornecimento de recursos financeiros, mediante a um orçamento prévio, para que o projeto possa ser executado. Porém ainda precisamos que todos tenham conhecimento disso, como elaborar projetos e quais itens importantes a conter no projeto, para que seja viável sua aprovação.

Folha: Estando no segmento e em contato com outros agentes, quais são as dificuldades que você percebe para se fomentar a cultura no município?
BB: Em Pouso Alegre temos uma diversidade cultural muito interessante, mas as ações culturais ainda acontecem muito de maneira isolada, feitas por e para pequenos grupos de pessoas, não conseguindo visibilidade local. A maior dificuldade que percebo é a união dos agentes culturais por uma necessidade em comum, integrando atividades e produções culturais e respeitando suas diferenças, seja para desenvolver atividades em conjunto, divulgar eventos em conjunto ou mesmo para trocar experiências. Mas para que isso aconteça, leva todo um processo.
Outra dificuldade diz respeito ao público que não possui o hábito de valorizar os artistas locais, preferindo eventos e artistas trazidos de fora, do que os artistas locais. Por conseqüência disso, temos bons artistas locais que preferem divulgar sua arte em outras cidades, pois já imaginam que não são reconhecidos na cidade onde vivem. Penso que o reconhecimento do artista local possibilita a realização bons eventos e mover a economia cultural local, incentivando a produção e qualidade, e enriquecendo a cidade como um todo.

Folha: Quais são as facilidades?
BB: São os espaços para se expor arte na cidade, tais como o Teatro Municipal, a Galeria Artigas, o Conservatório, o Programa de Atitude, entre outros onde basta marcar uma data para uma entrevista, exposição de arte visual ou apresentação musical. Outro ponto é a Secretaria da Cultura, que têm se mostrado disposta a atender as necessidades dos artistas e produtores culturais locais, trabalho este que deve ser feito todas as outras Secretarias, de acordo com o público que atende.
Tenho percebido também que as mídias locais estão aos poucos se sensibilizando para a questão cultural, o que é de extrema importância e fundamental para o desenvolvimento de uma cidade.

1 comentarios:

Luiz Carlos Junqueira disse...

Otima iniciativa.

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