Indivíduos que não são autores de suas próprias vidas estão sujeitos a condições escolhidas por outras pessoas. A autoridade assumida por um professor dentro de uma sala de aula pode coloca-lo no papel de suposto "autor" do conhecimento de todos, o que deveria ser fruto de uma troca coletiva de conhecimentos. Agindo assim, reduz a autonomia de cada aluno e a possibilidade do indivíduo se reconhecer autor do processo de aquisição de conhecimento de sua vida e de seu destino.
A prática educativa tradicional é ideológica e hierárquica, utilizando-se de um suposto autoritarismo dos professores sobre os alunos para legitimar o autoritarismo de governantes sobre cidadãos, de patrões sobre empregados, de pais sobre filhos, de ricos sobre pobres, de instruídos sobre desinformados, etc.
O respeito dentro de uma sala de escola, não é algo que se estabelece como imposição ou regra que tenha de ser cumprida por obrigação, mas algo a ser construído na relação entre o educador e os educandos, reconhecendo que todos somos seres humanos, onde afetamos e somos afetados uns pelos outros. É na prática respeitosa que adquirimos respeito, não por meio da obrigação. O respeito não é algo a ser conquistado por meio do "controlar", mas pelo "cativar", numa prática respeitosa.
Penso que uma sala cheia de pessoas caladas não permite o processo educativo e emancipatório dos educandos, pois esse processo acontece no diálogo aberto, na troca, na divergência e no barulho também. E, tal como na vida, não temos a obrigação em respeitar o prefeito, o policial ou o patrão por autoridade, mas porque todos somos seres humanos, assim como qualquer pessoa, reconhecendo o educador e o educando como seres autônomos e livres, que se constroem na relação.
Se o que queremos é uma sociedade mais justa, onde todos possam ter direitos, autonomia para decidir suas escolhas e ser responsáveis por elas, acredito que primeiramente temos de reconhecer as condições onde estamos inseridos, para trabalhar diretamente com a realidade. Numa prática libertária, quanto menor uso de poder, melhor.
Bruno Carrasco, setembro de 2011.
2 comentarios:
Somente sendo conscientes, podemos ser questionadores; somente questionadores, podemos fazer a "roda da evolução girar"..., e por "evolução", devemos devemos entender aquela que começa em nós... o resto é consequência!
Como Humanista, reforço minhas convicções de que somos criadores!!!
Valeu, Bruno: belo texto.
exato Claudinei, nos reconhecer é base, já dizia o velho Sócrates "conhece-te a ti mesmo" e Nietzsche "torna-te aquilo que és"... obrigado pela colocação, só tem a agregar!
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