Mídia - a arma legalizada

Resolvi escrever um pouco sobre democracia e escolhas com relação ao Referendo. Dizem que a eleição existe por vivermos num estado democrático e pressupõe-se que a possibilidade de votar numa ou noutra posição seja um ato democrático, mas penso que há tantas coisas envolvidas no processo que a democracia acaba deixando de ser tal como dizem.

Bom, se a eleição se diz democrática e todos os cidadãos poderão escolher por "sim" ou "não", a primeira questão é "o que escolher?" e a segunda "como escolher?". Com essas questões iniciais, pensei: De onde parte a minha escolha? Escolho o que penso ser melhor para mim ou o que penso ser melhor para os outros? De onde partem as minhas referências para escolher o que é bom ou ruim?

Após essas questões percebi que não me lembro de ter pensado sobre a proibição legal da comercialização de armas antes de ouvir falar do Referendo, e logo parti para o questionamento de “como adotar uma posição?”. Observei como as diferentes posições parlamentares estão sendo veiculadas pela mídia, e logo fui percebendo algumas coisas:

Há alguns que dizem que se a minha escolha for SIM eu perderei o meu DIREITO de possuir uma arma legalmente: como se eu tivesse interesse em possuir uma arma, ou como se perder o direito legal de possuir uma arma fosse uma coisa tão terrível como perder o direito de possuir um chinelo ou um litro de leite, como se eu devesse temer  perda deste direito. Pensei comigo que não tenho interesse em adquirir uma arma e, se por acaso algum dia eu resolver adquirir provavelmente haverá alguma maneira de adquirir, seja legalmente ou ilegalmente.

Há outros que dizem que é um PERIGO possuir arma e que num certo momento, alguém que possui uma arma legal pode ferir ou matar outro(s) ou a si mesmo. Bom, aí não me importo pelo fato de que eu não possuo uma arma, mas me preocupo com a possibilidade de ser atingido por alguém que possui uma arma seja legalmente adquirida ou ilegal.

Após atentar para as duas opiniões passei o olhar para mim mesmo, e percebi que sou EU quem escolhe se prefiro optar por PERDER o meu "direito" de possuir uma arma ou se prefiro optar por correr o AZAR de ser atingido por alguém que possui uma arma adquirida legalmente, e quem sabe, perder toda a história da minha vida, de uma hora pra outra.

Bom, alertei a mim mesmo sobre um maior PERIGO: de ser atingido pela opinião da mídia ou de outras pessoas que NÃO SÃO eu, que NÃO VIVEM a minha vida, que NÃO PAGAM as minhas contas, que têm o interesse ou não em possuir armas legalmente, que possuem um comércio de armas legais ou não, mas, que por excelência, não possuem a mesma opinião que a minha.

Em tudo isso que refleti e escrevi, acabei percebendo a importância maior em permanecer em alerta para não ser atingido pela opinião dos outros, pois vi que o maior risco que corro, neste caso, é o de escolher o que o outro diz que é melhor - e o outro escolhe o que é melhor para ele, não o que é melhor para mim. Percebi a importância em re-pensar comigo mesmo antes de escolher por "sim" ou por "não", e isso sim que eu penso que seja a tal da democracia.

E, por fim, se desarmar a publicidade que é veiculada por onde me empurram opiniões que não são do meu interesse talvez poderíamos escolher o melhor e de maneira justa, e não somente para alguns interessados, pois a propaganda é uma arma legalizada que nos atinge diariamente. Com relação a isso pergunto: Por que não proibir a arma legalizada da mídia?


Bruno Barbedo Carrasco, Outubro de 2005.

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