Estilos, Formas e Termos Musicais


Abertura: peça musical destinada a anteceder uma ópera, uma suíte ou sinfonia.

Acorde: execução simultânea de sons diferentes. Por exemplo, no piano, quando tocamos várias teclas ao mesmo tempo.

Ária: trecho de uma ópera ou oratório executada por um solista. Eventualmente é composta como peça independente.

Ato: uma das seções de uma ópera ou balé.

Câmara, Música de: música composta para poucos instrumentos ou vozes. As composições nesse estilo são habilmente trabalhadas em sua estrutura interna. A formação dos conjuntos de câmara variam bastante - chegando à extremos no século XX.  Existem, porém, formações clássicas, a partir da qual derivam todas as outras: a. Trio: piano, violino e violoncelo; b. Quarteto de cordas: dois violinos, uma viola, um violoncelo; c. Quinteto de sopros: clarinete, oboé, flauta, trompa e fagote. 

Cantata: peça musical para ser "cantada", como o nome aponta. Originalmente era escrita para cantor e acompanhamento, mas, com o tempo, passou a ser uma obra para solistas, coro e orquestra.

Concerto: 1) Apresentação de um trabalho musical por um conjunto de executantes. Sendo uma só pessoa, chama-se "recital". Toda família tem um primo músico, que no fim do ano apresenta as mediocridades que aprendeu em um "recital". 2) No sentido estritamente musical, significa uma peça para algum instrumento solista e orquestra. Essa definição, porém, só passa a valer a partir da segunda metade do século XVIII. Até então o que se entendia por "concerto" era a reunião de vários solistas e uma orquestra. Sistematizando:
a. Sentido comum: apresentação musical de um conjunto.
b. Até 1750-60: Obra para um pequeno conjunto de solistas acompanhados de uma orquestra. O equivalente de hoje em dia seria o "Concerto para grupo e orquestra", do Deep Purple. 
c. De 1760 até hoje: obra para um instrumento solista e orquestra. 

Contraponto: do latim, "punctus contra punctus". Combinação de duas ou mais melodias que se desenvolvem ao mesmo tempo.

Coro: Conjunto de cantores. Pode ser de vozes iguais (apenas tenores, sopranos, etc.) ou misto, com todos os tipos de voz.

Fantasia: Gênero musical de forma livre, com seu desenvolvimento deixado à critério dos compositores.

Fuga: Composição musical cujas diferentes partes se sucedem, como se uma estivesse perseguindo a outra. A fuga está relacionada ao contraponto: cada uma de suas partes parece correr atrás da outra, combinando as linhas melódicas umas com as outras.  

Intermezzo: Trecho instrumental, de menor importância, tocado entre os atos de uma ópera ou entre as partes de um drama. 

Leitmotif: Do alemão, "Motivo condutor".  Técnica desenvolvida por Wagner de associar à cada personagem de uma ópera um tema musical específico, que, ainda que com variações, permanece reconhecível por toda a obra. Os "leitmotives"   também costumam ser usados nos poemas sinfônicos, com resultados diferentes mas igualmente satisfatórios. 

Minueto: pequena dança de origem francesa, de compasso 3/4, muito usado por Mozart. Aliás, até a Primeira Sinfonia de Beethoven, o minueto era obrigatório como terceiro movimento.

Missa: A música sempre foi um elemento indispensável para "religar" - no sentido primitivo da palavra "religião" -  o homem à Deus.

Nas pirâmedes do Egito foram encontrados trompetes, o que indica o acompanhamento musical das cerimônicas fúnebres.  Na Bíblia, sei lá aonde, fala-se de um tal Jubal, "pai dos que tocam cítara e órgão".  Na Grécia antiga vários deuses estavam relacionados à elementos musicais. 

Muitos compositores dedicaram-se à escrever música religiosa, associando ao fervor místico dos cultos religiosos o poder arrebatador da música. Em alguns casos, eles pouco ligaram para a religião, criando obras musicais que transcendem em muito qualquer significado estritamente religioso. 

A época renacentista ainda foi marcada pelo Canto Gregoriano ou cantochão, uma linha melódica simples e sem acompanhamento, no qual a entonação das palavras fornecia a entonação e ritmo da música. Há pouco tempo ouve uma espécie de "renascimento" do canto gregoriano, que tornou-se moda no mesmo filão "eu-me-amo-eu-me-auto-ajudo"  de Lair Ribeiro ou Paulo Coelho. Graças a Deus, como toda moda estúpida, caiu já no esquecimento do público. 

Nos séculos XVI e XVII, muitos compositores criaram música para os ofícios religiosos, fossem católicos ou protestantes. A princípio essas músicas eram cantadas pela congregação, com um sentido devocional superior ao artístico. (Algo comparável - não em qualidade, mas na forma - aos rituais evangélicos de hoje em dia. Vide o popstar Padre Marcelo.) Todavia, essas composições cresceram em tamanho e complexidade, passando a exigir que um grupo especializado se responsabilizasse por sua execução, enquanto a maior parte da assembléia se limitaria a acompanhar.    

Com a reforma protestante, Lutero quis quebrar o monopólio da Igreja sobre os hinos religiosos. Que fez? Adaptou uma série de melodias profanas para servirem como canções religiosas, utilizando-se de ritmos e temas populares. Depois, há quem considere a música gospel original... 

O resultado pretendido por Lutero teve resultado efêmero: logo os compositores passaram a criar introduções e floreios para esses hinos, dispensando novamente a participação da comunidade e requerendo um grupo de cantores especializados. 

Nos séculos XIX e XX a música religiosa já estava bastante distante de seu sentido original, convertendo-se em mais uma peça de concerto. Algumas missas ou réquiens chegam a durar mais de duas horas, retirando-lhes qualquer possibilidade de uso como música litúrgica. A religião perdeu uma forma, mas a música ganhou. 

Movimento:  Cada uma das partes que compõe uma sonata, suíte ou sinfonia. Geralmente os movimentos de uma mesma obra diferem pelo andamento, ritmo e mesmo pela tonalidade escolhida. 

Noturno - obra para piano, de caráter tranqüilo e meditativo. Levado ao auge de seu desenvolvimento com Chopin, foi criado pelo inglês John Field (1782-1837)

Ópera - grosso modo, representação teatral na qual os atores cantam. 

Essa definição é a mais simples possível, uma vez que a ópera, unindo os elementos expressivos do teatro à força da representação musical, torna-se um gênero musical único, impossível de ser comparado à qualquer outro. Geralmente a ópera é dividida em árias, duetos e coros. 

A ópera nasceu de um erro: por volta de 1600, na Itália, um grupo de músicos - onde se incluía Vincenzo Galilei, pai do astrônomo - tomou conhecimento do estilo das tragédias gregas, na qual a música e o texto estavam intimamente relacionados.

Resolveram criar um equivalente moderno. Havia só um problema: os gregos não deixaram indicações musicais de nenhum tipo. Não exisitia nenhum meio de copiar o que havia sido feito. ERa preciso, guardando as intenções primitivas, criar um novo tipo de representação musical na qual texto e sons estivessem ligados.  Dessa cópia a partir do nada surgiu a ópera, tal qual a conhecemos hoje. 

Uma questão sempre presente: o texto determina ou deve submeter-se à música? As óperas italianas foram pelo primeiro caminho; as alemãs, pelo segundo - com resultados igualmente bons. 

Oratório: É, por assim dizer, uma ópera religiosa, mas sem a representação em um palco e baseado em algum tema bíblico. 

Orquestra: do grego, pasmem, "lugar para dançar".  Atualmente, grupo de instrumentistas dirigidos por um regente. 

A orquestra, no sentido que lhe damos atualmente, surgiu no final do século XVII. Até então haviam conjuntos de instrumentistas reunidos unicamente pelo acaso. Os soberanos que podiam manter uma orquestra contratavam dezenas de músicos. Outros, menos ricos - ou interessados - contavam apenas com alguns poucos executantes. Assim, não era de se estranhar a falta de padronização dos conjuntos orquestrais. 

Foi apenas no século XVIII, ou, para ser mais exato, no começo do século XIX, que passaram a existir orquestras sinfônicas com um número determinado de instrumentos. Mesmo as sinfonias de Mozart e Haydn variavam conforme os executantes disponíveis. 

Foi Beethoven, em sua última sinfonia, que fixou o aparato sinfônico tradicional - modelo que se mantém firme, com algumas alterações, até os dias atuais. 

Poema Sinfônico - composição orquestral, de um só movimento, geralmente baseado em algum poema, romance ou mesmo um quadro. 

Ao contrário da maioria das formas musicais, esta tem paternidade reconhecida:  Franz Liszt. O músico húngaro, aproveitando-se da "idéia fixa" de Berlioz e das descrições musicais de Beethoven, criou uma nova forma, bastante livre, na qual a inspiração pode ser um poema, uma obra literária, um quadro, um lugar, sentimentos,  ou mesmo uma pessoa. A música passa a ser quase pictórica, descrevendo, com sons, o que se leu ou viu. 

Levado à extremos, o poema sinfônico retirou da música seu valor enquanto "música  pura". Toda obra deveria descrever ou representar algo. Essa tendência foi amplamente combatida por setores do campo musical, que defendiam a volta da "música pura", ou seja, sem caráter descritivo. No século XIX, Brahms, secundado pelo crítico Edouard Hanslick, foi um dos poucos músicos que escapou à influência do poema sinfônico. No século XX, ao contrário, poucos foram os compositores que se deixaram influenciar por essa forma...

Rapsódia: peça não muito longa, escrita geralmente para piano ou orquestra, baseada em temas populares. As "Rapsódias Húngaras" de Liszt são um exemplo acabado do tema.

Scherzo: peça de caráter ligeiro e alegre - quer dizer "brincadeira" em italiano. Geralmente é parte de um conjunto maior, como uma sonata ou sinfonia. À propósito, sua introdução na sinfonia, no lugar do minueto, foi feita por Beethoven. Apesar do compasso ser o mesmo (3/4), o scherzo difere do minueto por seu caráter mais sério e seu maior desenvolvimento.

Sinfonia: peça musical, em vários movimentos, executada por uma orquestra. A sinfonia pode assumir formas e desenvolvimentos absolutamente inesperados, variando conforme o gosto do compositor.  

"Sinfonia"  vem do grego "soar ao mesmo tempo", e essa definição continua valendo. O grande elemento que diferencia a sinfonia de outras peças orquestrais é a ausência de solistas. Obviamente não são todos os instrumentos que tocam durante todo o tempo. Mas, ao contrário do concerto, na sinfonia, mesmo quando alguns instrumentos se calam, outros continuam tocando, sempre em conjunto.  

No começo do  século XVIII, "sinfonia" era um trecho pequeno, integrando geralmente uma suíte ou um oratório.  Apenas com Haydn e os músicos da chamada "Escola de Mannhein"  que essa forma tornou-se independente.  De certa maneira, foi da fusão entre a "abertura italiana" e a "forma-sonata" que surgiu a sinfonia no sentido moderno.   

Vale notar também que a sinfonia não escapou da influência do Poema Sinfônico. Muitas sinfonias no século XIX são puramente descritivas. Curiosamente, os defensores da "música pura" como Brahms, encontraram justamente na sinfonia a oportunidade de se oporem à música descritiva. 

Sonata - 1) na origem do termo, música para instrumentos de sopro ou para cordas. 2) Com o passar do tempo,  "sonata" passou a designar uma obra musical em vários movimentos cuja estrutura era definida. A sonata clássica, tal como desenvolvida por Mozart, era constituída de quatro movimentos:
a. Um primeiro movimento rápido, cuja forma se baseava na "forma-sonata". 
b. Um movimento lento, geralmente em forma de variações; 
c. Um movimento dançante (um minueto, por exemplo, remanescente  da suíte); 
d. movimento final, de caráter enérgico e conclusivo.

Obviamente essa estrutura era modificada de acordo com o compositor. Todavia, permaneceu como principal meio de composição até meados do século XX.

Suíte: Originalmente, um conjunto de danças. No século XVIII, as suítes compreendiam as diversas danças da época: allmande, sarabande, minuet, bourré, etc. A famosa "Música Aquática", de Haendel, é um bom exemplo desse gênero. Nos séculos XIX e XX o termo ganhou nova acepção, passando a significar a reunião de pedaços de uma ópera ou balé para ser executado sem a ação no palco. 

Toccata: Peça para ser "tocada" por instrumentos de teclado, em oposição à um dos sentidos da "sonata" e da "cantata".

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Referência:
FREDERICO, E. Música: Breve História. Brasil: Irmãos Vitale, 1999.

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